Capítulo 1 – “O Segredo de Kelpie” de Aya Imaeda

Título: O Segredo do Kelpie / Autora: Aya Imaeda / Editora: Draco / Gêneros: Fantasia, romance, YA / Páginas: 232 / “Quando vir um belo cavalo negro à beira de um rio, ou um homem com algas presas aos cabelos, siga o conselho dos antigos celtas: fuja. Esse faery o levará a um túmulo – ou a um altar de casamento – no fundo das águas.”

Boa tarde a todos!

Nesse ano, por acaso, eu já havia pesquisado algumas criaturas de mitologias diferentes para inseri-los no livro de fantasia que estou escrevendo sobre um reino denominado Terras Pardas, com o objetivo conhecer criaturas absolutamente interessantes e não tão conhecidas na cultura pop (como os centauros, sereias, lobisomens ou fênix, por exemplo). Por mais que essas criaturas mitológicas que já conhecemos sejam de histórias muito interessantes, senti que valia a pena procurar novos ares e buscar para mim, e para meus futuros leitores, o conhecimento dos mais fantásticos seres de lendas não tão conhecidas por nós, brasileiros.

E é exatamente isso que Aya Imaeda faz em “O Segredo de Kelpie”, propositalmente ou não, ao nos apresentar aos faeries do folclore escocês.

“A palavra inglesa ‘fairy’ [fada] deriva do francês antigo ‘faerie’ e do latim ‘fata’, referindo-se ao destino, no sentido daquilo que nos está fadado. […]” – Fonte: a-tradicao-feerica

Já no primeiro capítulo somos apresentados ao kelpie e aos trowes, sendo que ambas as criaturas não são essencialmente boas. Entretanto, eu criei uma empatia especial pelo kelpie – um faery dos rios, um espírito da água – seja porque ele me parece mais neutro do que maléfico, ou seja porque esse livro é narrado em 1ª pessoa e o kelpie é o próprio narrador.

Logo nas primeiras páginas do livro encontrei um recurso das figuras de linguagem que me encanta muito, a prosopopeia (ou personificação), principalmente por ser utilizada em elementos da natureza. Leia comigo este belo trecho em que a autora utiliza esse recurso:

“[…] Caso se prestasse atenção, podiam-se ouvir os seixos sussurrando uma história antiga, do tempo em que os celtas dominavam esta terra. A lua, que já conhecia essa história muito bem, assistia tudo em silêncio […]” – Trecho de O Segredo de Kelpie de Aya Imaeda

Mesmo eu preferindo obras com narradores em 3ª pessoa, no caso desse livro, a narração do kelpie em 1ª pessoa acabou sendo um diferencial positivo. Pois, assim como os humanos dentro do livro, somos atraídos pelo kelpie, mesmo que nós humanos sejamos inevitavelmente suas vítimas.

No início do Capítulo 1, os humanos perseguem um belo corcel (cavalo) negro, sem desconfiar que este era um kelpie e que, na verdade, eles é que estavam sendo emboscados. A única coisa que sobraria das vítimas dessa criatura seria o seu fígado.

No site da autora, a Toca do Fenrir, ela te dá a oportunidade de refletir sobre como seria o resultado do seu encontro com o kelpie. Que tal perguntar para seus amigos para saber se eles sobreviveriam?

“Você é um viajante que caminha ao longo de um rio. Surgido do meio da neblina, há um belíssimo cavalo negro perto da margem. Ele é o animal mais incrível que você já viu na vida, e lhe olha com mansos olhos castanhos, como se lhe convidasse para uma agradável cavalgada. Nessa situação, você:
A) O acaricia;
B) Sobe em suas costas para conseguir uma carona;
C) Corre!!!” (A resposta está em a Toca do Fenrir)

Na sequência da história, esse espírito da água procura um outro agrupamento humano, mas agora em sua forma humana. Sim, os kelpies possuíam duas formas, a forma de um corcel negro e uma forma humana – como um homem de cabelos negros e olhos misteriosos. – Este kelpie estava numa busca importante, que já não era a de devorar humanos. Mas em seu caminho, ele encontra faeries maldosos, os trowes, os quais estavam em seu rio, o que incomodou o kelpie profundamente. Nesse trecho entendemos mais sobre a personalidade que a autora inseriu em suas criaturas. Principalmente em relação aos pensamentos do kelpie. A autora utilizou as lendas antigas sobre o kelpie e estruturou sua personalidade e intenções. É principalmente por isso que eu, como leitora, decidi acompanhá-lo para descobrir mais sobre esse espírito da água. O que ele quer afinal?

Assim que esse conflito com os trowes é resolvido, o narrador kelpie nos fala abertamente sobre seu objetivo:

“[…] estava a caminho de Tir nan Og, a Terra da Eterna Juventude, para onde os outros kelpies da ilha haviam ido há muitas estações. Só precisava escolher uma esposa humana primeiro.” – Trecho de O Segredo de Kelpie de Aya Imaeda

Se até agora o kelpie conseguiu tudo o que queria, temos a sensação de que o infortúnio chegará até a humana que ele escolher. Assim, sem demora, uma bela melodia o leva até a humana mais bela que ele já vira. Agora bastava que ele, como um belo corcel, a encantasse e a levasse para casar-se com ele, certo? Mas a bela jovem vê algo que a faz desconfiar e a temer por seu destino.

Novamente, o kelpie retorna a sua atraente forma humana e esclarece suas intenções e os benefícios de se casar com ele. De fato, tem benefícios, mas desistir de toda a sua vida para se casar com um faery? Que ainda por cima é um devorador de humanos? Não que ela tivesse muita escolha. Ela sabe que não tinha como fugir dele. Mas ela encontra uma saída muito perspicaz. O que, honestamente, me fez gostar dessa personagem logo no fim do Capítulo 1.

Como torcer pelos dois, por kelpie e pela bela humana, se seus objetivos são diametralmente opostos? Por quem VOCÊ iria torcer?

Tudo isso acontece apenas no primeiro capítulo. Ainda tem mais vinte e quatro capítulos dessa história para o leitor mergulhar no segredo de kelpie.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Posso dizer que “O Segredo de Kelpie” de Aya Imaeda possui uma leitura agradável e fácil, o que me lembra a leitura de Harry Potter – uma leitura que rende muitas páginas por hora –, apesar disso, o vocabulário é rico e impecável neste primeiro capítulo.

Tive que me esforçar muito para não ler os outros capítulos antes de fazer essa postagem sobre o Capítulo 1 para não me deixar influenciar pelo resto da história ao escrever sobre o que me propus desde o início – ou seja, apenas as primeiras impressões do capítulo 1. – Mas agora estou livre para ler os próximos capítulos. E você? Já leu “O Segredo de Kelpie” de Aya Imaeda? Comente aqui sobre sua experiência! Só evite dar spoilers, ok?

Escrito por: Karen Andrade

15 comentários em “Capítulo 1 – “O Segredo de Kelpie” de Aya Imaeda

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  1. olá
    Gostei demais do projeto Capitulo 1, também adoro seres mitológicos e fiquei bem curiosa com esses faeries (gosto mais do nome francês) os Kelpies já conhecia por cima, mas o inimigo ainda não, acho as fadas fascinantes minhas preferidas são os Puccas, acho que é porque eles são travessos e me lembra um pouco o curupira daqui.
    Continue com sua pesquisa de seres mitológico tem vários tão interessantes e em diversas culturas, mas ficamos sempre presos aos mesmos.
    Vou lá visitar o site da autora e conhecer mais sobre o livro.

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    1. Olá Daniele!
      Que surpresa! Acredita que o Pucca é a primeira criatura que vai aparecer no livro que eu estou escrevendo? Eu também fiquei fascinada quando eu li sobre ele! Vou pesquisar muito ainda!
      Este livro da Aya Imaeda é muito bom! Quero comprar para terminar de ler!
      Espero que também goste dos próximos “Capítulos 1”!
      Grande abraço!

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  2. Esse projeto é muito legal, mas vc vai fazer uma postagem do resto do livro? Bem, acho q talvez até valha a pena! Essa citação é maravilhosa: “[…] Caso se prestasse atenção, podiam-se ouvir os seixos sussurrando uma história antiga, do tempo em que os celtas dominavam esta terra. A lua, que já conhecia essa história muito bem, assistia tudo em silêncio […]” Parece ser uma obra muito interessante!

    Curtido por 1 pessoa

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