Capítulo 1 – “Seu Nome Era Morte” de Nicholas Vernetti

Título: Seu Nome Era Morte / Autor: Nicholas Vernetti / Gêneros: Romance, mistério, sobrenatural / Páginas: 316 / “A garota quer morrer. Karen não consegue superar a perda do irmão, e parece que todos os seus relacionamentos estão se desfazendo. Abandonada pelos próprios pais, tomada por uma terrível depressão, ela não consegue parar de pensar no suicídio. É quando aparece aquele que se diz a própria Morte encarnada. Sedutor e poético, o homem logo lhe faz um desafio: Karen deverá acompanhá-lo por três noites, onde descobrirá os mistérios de sua própria vida. Ela não acredita no que ele diz, mas conforme o conhece, começa a suspeitar que ele pode estar falando a verdade, e uma questão surge em sua mente: O que acontece no fim da  terceira noite? Quando a Morte bate à porta fazendo um convite, não se pode recusá-lo.”

Boa noite aos poetas, aos filósofos e aos viajantes,
hoje lhes apresento a segunda publicação das “Primeiras impressões” do Projeto Capítulo 1

“Todos gostam de histórias, não? Este adorado espaço mágico onde podemos nos afastar dos problemas do mundo, um momento para ser apenas o observador, o crítico; um momento para apreciar. Poder descobrir pessoas que são como nós, acompanhar suas vidas, seus dramas, sofrer com eles, rir e chorar junto deles, sentir a proximidade perfeita onde a sensação não nos machuca de verdade.”
Trecho de Seu Nome Era Morte de Nicholas Vernetti.

Quer saber minhas primeiras impressões sobre o Capítulo 1 desse livro? Confere aí!
Se uma atmosfera sombria, sobrenatural, poética e filosófica é o que você está procurando, você tem que ler Seu Nome Era Morte de Nicholas Vernetti. Um livro bem escrito que aborda temas universais como o amor, a morte, a vida, a depressão e a perda através dos olhos de uma jovem que perdeu seu irmão.

A história de Karen Bittencourt, a jovem paulista que vive no Rio de Janeiro neste interminável ano de 2017, a mulher que não consegue superar a perda, e que enfrenta o inferno.”
Trecho de Seu Nome Era Morte de Nicholas Vernetti.

O Capítulo 1 desse livro inicia-se já muito bem com uma reflexão de uma peça teatral de um grande poeta e dramaturgo inglês, cujas obras tornaram-se cânones da literatura inglesa.

“Todo mundo é capaz de dominar uma dor; exceto quem a sente”William Shakespeare

Essa premissa está relacionada ao momento que a jovem protagonista se encontra, perdida entre a dor e a apatia, passando pela vida sem o desejo de viver. Em casa, no trabalho ou mesmo quando encontra o namorado Marcos ou seus amigos no Poe, a sensação é a mesma.

“Voltar para casa no fim do expediente era como trocar uma prisão por outra; sair da cela comum para ir até uma solitária, onde podíamos ficar nus diante de nossos próprios demônios.”
“Este Imenso Palco de Tolos
O calor é externo,
Agrada a superfície e é incerto,
Mas profundamente
O frio é o regente.”
Trechos de Seu Nome Era Morte de Nicholas Vernetti.

Para piorar o namorado de Karen Bittencourt não a entende, não consegue apreciar poesia e não consegue ser a pessoa que ela precisava naquele difícil momento de sua vida. Na verdade, ele praticamente não percebe o estado deprimido dela.

“Por que eu não terminava tudo? Acho que era costume. Podemos sempre nos acostumar com as coisas banais. Forçada a me tornar introspectiva, coisa que jamais havia sido. Sim, uma parte de mim estava morta, a parte que podia sentir. Amar a plenitude, minha palavra favorita na língua portuguesa, me fazia sentir atração até mesmo pela dor. Tudo que era belo agora estava corrompido pela visão de quem caiu fundo demais.”
Trecho de Seu Nome Era Morte de Nicholas Vernetti.

Para tentar se sentir melhor, Karen decide encontrar seus amigos num barzinho da Zona Sul chamado Poe, um local frequentado por poetas, músicos e pintores da cidade. Em geral, muitos deles que se apresentavam no bar eram almas frágeis e atormentadas que buscavam ali, através da arte, expressar o que sentiam. Mas o Poe era especial para Karen por uma simples razão.

“Era um lugar que eu e meu irmão amávamos, e na época em que ele estava vivo eu praticamente morava ali. Ainda hoje, era o único lugar que me trazia certo conforto.”
Trecho de Seu Nome Era Morte de Nicholas Vernetti.

Após alguma conversa, bebida e poesia, sua amiga Amanda, aquela que dentre seus amigos era a que menos se inseria num ambiente como o Poe, se interessa por um cara pelas suas roupas e por achá-lo atraente, o que aparentemente era o máximo que ela conseguiria apreciar no Poe apesar de toda a arte que se encontrava ali.
Entretanto, é por causa da insistência de Amanda que Karen conversa com esse cara pela primeira vez. Coincidentemente, esse desconhecido estava observando hipnotizado logo o quadro pintado por seu já não vivo irmão Lucas. O homem desconhecido não dá muita ideia para as besteiras de Amanda. Mas ao descobrir que o quadro foi pintado pelo irmão de Karen, ele nos traz uma ideia, uma reflexão sobre a impossibilidade da morte de um artista.

“Ele se foi, mas se eternizou nas pinceladas na pintura. Ela fala por ele, agora. É impossível que um artista morra” – Trecho de Seu Nome Era Morte de Nicholas Vernetti.

Ao voltar à mesa dos amigos, Karen volta a refletir sobre a morte do irmão e sobre o que sente a esse respeito. Finalmente, começamos a entender com mais clareza que a morte do seu irmão parece ter sido algum tipo de assassinato violento.
O homem desconhecido faz o que os outros já fizeram naquele dia, mas, dessa vez, a atenção de todos fica presa no palco. Ele recita uma poesia enorme sem nenhuma “cola”, como se a tivesse decorado inteira. Vou colocar apenas um trecho do que foi recitado pelo homem desconhecido. Sua poesia me remeteu imediatamente a filosofia de Friedrich Nietzsche:

[…]
Oh, bons e justos!
Assim chamam a si mesmos
Sedentos, homens sem coração
Onde então, arde a chama de tua paixão?
Vede, teus ídolos caem
Um a um são destronados
A máquina que criaram
Consome a vida daquilo que roubaram
Quanto tempo
Eu lhes pergunto
Levará para que tua ilusão
Te exceda e se torne aquilo que tu és?
[…]
Trecho da poesia recitada em Seu Nome Era Morte

É impressionante a facilidade que o autor possui com as palavras para criar as poesias desse Capítulo 1. O ritmo, as rimas, o conteúdo, está tudo ali. A poesia conversa com a filosofia de forma impecável em Nicholas Vernetti.
Mas voltemos a falar da história. Quando o homem desconhecido termina o espetáculo parece que todos ficaram impressionados e reflexivos. Karen, na verdade, ficou com a sensação como se essa poesia tivesse sido escrita sobre e para ela.
Em algum momento, seus amigos vão embora do bar e o estranho poeta aparece de repente e pergunta se pode sentar à mesa com ela. Ela sente curiosidade e eles conversam sobre várias coisas que aconteceram no passado recente, sobre questões filosóficas sobre a arte, o homem, a crença e a moral. Novamente, me lembrando da filosofia nietzschiana.
Nesse ponto descobrimos mais sobre os personagens principais. Enquanto Karen acredita em Deus, o homem desconhecido e Lucas (o irmão) não acreditam em Deus. O que desde o Capítulo 1 faz parecer que essa será uma das discussões fundamentais do livro.
A intertextualidade e as alegorias são outros pontos fortes do livro. Como diz a sinopse, a Morte lhe convida para acompanhá-la por três noites. Portanto, se você quiser saber o desenrolar dessa história, está disponível no site da Amazon.
Espero que as minhas
Primeiras Impressões tenham possibilitado que você, caro leitor, descubra se esse deverá ser seu novo livro de cabeceira. Lembre-se sempre, nesse blog você irá conhecer o melhor da literatura fantástica nacional!
Acompanhe as novidades e siga o blog! Agradeço pela leitura!
Se você já leu esse livro ou se tem alguma dúvida, escreva nos comentários.
Escrito por: Karen Andrade

8 comentários em “Capítulo 1 – “Seu Nome Era Morte” de Nicholas Vernetti

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  1. Que blog maravilhoso! Você conseguiu expressar com palavras exatas as impressões que tive ao iniciar o livro. “A poesia conversa com a filosofia de forma impecável em Nicholas Vernetti.”. Muito bem colocada sua observação. Realmente um livro fascinante de se ler.

    Curtido por 2 pessoas

  2. Esse enredo me deixou bem intrigado… Mas com certeza não é uma leitura qualquer e também não é uma leitura pra qualquer um. Precisa ter um pequeno repertório pra pegar essas referências em tão pouca quantidade de texto (e imagino que isso se amplie bem mais por todo o livro). Gosto de livros que vão fundo na melancolia e celebram a necessidade dela pra crescer emocionalmente. 🙂

    Curtido por 1 pessoa

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